História da Redenção

Capítulo 42

Anos de ministério de Paulo

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Paulo foi um obreiro incansável. Viajava constantemente de lugar a lugar, às vezes através de regiões inóspitas, outras vezes sobre água através de tormentas e tempestades. Não permitia que coisa alguma o impedisse de realizar sua obra. Ele era um servo de Deus e tinha de fazer Sua vontade. Por palavras e por epístolas anunciava a mensagem que sempre trazia ajuda e fortalecimento à igreja de Deus. Para nós que vivemos no fim da história da Terra, sua mensagem fala claramente dos perigos que ameaçarão a igreja, e das falsas doutrinas que o povo de Deus terá de enfrentar.

Viajou Paulo de país a país e de cidade a cidade, pregando a Cristo e estabelecendo igrejas. Onde quer que pudesse encontrar um ouvinte, ele laborava para impedir o erro e colocar os pés de homens e mulheres no caminho do direito. Aqueles que em qualquer lugar, aceitavam a Cristo pelo seu esforço, eram por ele organizados em igreja. Não importava quão poucos fossem em número, isso era feito. E Paulo não esquecia as igrejas assim estabelecidas. Por pequena que pudesse ser a igreja, era objeto de sua atenção e interesse.

A vocação de Paulo demandava serviços de várias espécies — trabalhava com as mãos para seu sustento, estabelecia igrejas e escrevia cartas às igrejas já estabelecidas. Ainda assim no meio desses vários trabalhos, declarou: “Mas uma coisa faço.” Filipenses 3:13. Um alvo ele conservava firmemente diante de si em todo o seu trabalho — ser fiel a Cristo, que, quando ele blasfemava de Seu nome e usava todos os meios em seu poder para fazer com que outros também blasfemassem, revelou-Se a ele. O único grande propósito de sua vida era servir e honrar Aquele cujo nome ele tinha outrora desdenhado. Seu único desejo era ganhar almas para o Salvador. Tanto judeus como gentios poderiam a ele se opor, e persegui-lo, porém coisa alguma poderia desviá-lo de seu propósito.

Paulo recapitula sua experiência

Escrevendo aos filipenses, descreve sua experiência antes e de- pois de sua conversão. Disse ele: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.” Filipenses 3:4-6.

Depois de sua conversão seu testemunho foi:

“Sim, considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor: por amor do qual, perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo, e ser achado nEle, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé.” Filipenses 3:8, 9.

A justiça que até então ele imaginara de muito valor nada valia agora a seus olhos. O anelo de sua alma era: “Para O conhecer e o poder da Sua ressurreição e a comunhão dos Seus sofrimen tos, conformando-me com Ele na Sua morte; para de algum modo alcançar a ressurreição dentre os mortos. Não que eu o tenha já recebido, ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Filipenses 3:10-14.

Um obreiro adaptável

Vede Paulo no cárcere de Filipos, onde, a despeito de seu ferido corpo, elevava um hino de louvor no silêncio da meia-noite. Depois do terremoto que abriu as portas da prisão, sua voz ouviu-se de novo, em palavras de ânimo ao carcereiro gentio: “Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos!” — cada homem em seu lugar, contidos pela presença de um companheiro de prisão. E o carcereiro, convencido da realidade da fé que sustentava Paulo, inquire acerca do caminho da salvação, e com toda a sua casa une-se aos perseguidos discípulos de Cristo.

Vede Paulo em Atenas diante do concílio do Areópago, quando enfrenta ciência com ciência, lógica com lógica e filosofia com filosofia. Observai como, com tato nascido do amor divino, ele aponta a Jeová como o DEUS DESCONHECIDO, que seus ouvintes têm adorado ignorantemente; e em palavras tiradas de um de seus próprios poetas, pinta-O como um Pai, cujos filhos eles são. Ouvi-o, nessa época de castas, quando os direitos do homem como homem eram inteiramente negados, como ele expõe a grande verdade da fraternidade humana, declarando que Deus “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre a face da Terra”. Então, mostra como, através de todo trato de Deus com o homem, Seus propósitos de graça e misericórdia estão entretecidos como tessitura de ouro. Ele tem “fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da Sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando O possam achar, bem que não está longe de cada um de nós”.

Ouvi-o na corte de Festo, quando o rei Agripa, convencido da verdade do evangelho, exclama: “Por pouco me persuades a me fazer cristão.” Com que gentil cortesia, apontando para suas próprias cadeias, Paulo responde: “Assim Deus permitis-se que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias.”

Assim transcorreu sua vida, descrita em suas próprias palavras, “em jornadas muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias muitas vezes; em fome e sede, em jejuns muitas vezes; em frio e nudez.” 2 Coríntios 11:26, 27.

Disse mais: “Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação”; “entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.” 1 Coríntios 4:12, 13; 2 Coríntios 6:10.

Ministério em cadeias

Embora ele ficasse prisioneiro por longo tempo, o Senhor promoveu Sua obra especial por intermédio dele. Suas prisões deviam ser um meio de disseminação do evangelho de Cristo e assim de glorificação a Deus. Ao ser enviado de cidade a cidade para julga mento, seu testemunho sobre Jesus e os interessantes incidentes de sua própria conversão eram relatados perante reis e governadores, ficando eles sem escusas com respeito a Jesus. Milhares criam nEle e se regozijavam em Seu nome.

Vi que o especial propósito de Deus era cumprido na viagem marítima de Paulo; Ele desejava que a tripulação pudesse dessa maneira testemunhar o poder de Deus por intermédio de Paulo e que os pagãos também ouvissem o nome de Jesus, e muitos fossem assim convertidos mediante os ensinos de Paulo e por testemunhar os milagres que ele operava. Reis e governadores encantavam-se com o seu raciocínio, e ao pregar a Jesus com zelo e o poder do Espírito Santo e ao relatar os interessantes acontecimentos de sua experiência, ficavam possuídos da convicção de que Jesus era o Filho de Deus.